quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Redes (anti) sociais

Já não tenho mais saco para aparências. Dizem que estou ficando velha. Ou chata. Ou as duas coisas. O fato é que as pessoas estão cada vez mais cansativas. É um tal de ativismo virtual sem nem saber por que, é um monte de foto com filtro, é uma necessidade de compartilhar o que comeu, o que vestiu, pra onde foi, só o que há de melhor na vida. Como se a vida fosse só isso.
Deixo claro que isso não é um texto de recalque. É um texto sobre realidade e um pouco de nostalgia. As pessoas só querem mostrar o que têm de melhor porque a vida já é dura. Pra que mostrar desgraça, se a vida já é cheia de dificuldades? Isso eu concordo e assino embaixo. Mas elas param por aí. Esquecem que existe algo além do instagram e que as relações são maiores que comentários no facebook. Aparentam viver num mundinho perfeito, com pessoas perfeitas, com festas perfeitas, com lugares perfeitos, com drinks perfeitos. E é exatamente isso que elas querem, parecerem perfeitas. Quanta previsibilidade, ignorância, mesmice. Todo mundo sabe que isso é uma farsa, que perfeição não existe.
Veja bem, não é expor seus problemas, suas dores ou suas feridas em rede social. Afinal, rede social não é (ou não deveria ser) casa dos horrores e isso seria burrice. Mas o que vejo é que falta genuinidade e sobra superficialismo. Faltam sorrisos sinceros e sobram maquiagens perfeitas com cílios postiços. Falta conteúdo e sobra instagram. Essa superficialidade me incomoda profundamente, não a felicidade dos outros. Quero mais é que todos sejam felizes e bem-amados, porque o mundo está do jeito que está por conta de tanta gente mal-amada solta por aí... Gente mal-amada e mal resolvida é um perigo.
Mas é tão bom ligar pra uma amiga, aquela verdadeira, do peito e poder desabafar, ouvir a voz, a opinião, às vezes dura, mas sempre honesta, sobre algo que você contou. Sem fotos, sem curtidas, com sinceridade. Muito melhor do que digitar, curtir, postar... isso sim é impessoal, frio. É tão bom sentir-se humano, com falhas, defeitos, medos, ansiedades e ter com quem compartilhar. É tão bom ter sentimentos e menos páginas sociais. Em vez de postar fotos sorrisos Colgate, depois de engolir um lexotan. É muito melhor poder chorar na frente de alguém querido e sentir-se acolhida pela amizade/amor desta pessoa. É tão bom abraçar alguém que você ama.
Tudo, às vezes, me parece tão superficial e falso nos dias atuais, que chega a doer. Parece que não pertenço a esse mundo ‘virtual’. Chega a dar uma profunda tristeza por ver que a grande maioria das amizades se resume a curtidas, baladas, fotos e comentários sem importância. Não é que não se pode mostrar que é feliz, não é isso. Pelo contrário, felicidade é algo maravilhoso de se ver. O que eu falo é sobre não querer viver essa felicidade eterna, falsa, desonesta, com você mesmo. Isso tudo, no final, isola as pessoas. É... Talvez seja o propósito dessas redes – isolar as pessoas para que elas fiquem cada vez mais dependentes disto -  e eu, com a minha velhice/chatice, não consigo entender. E nem quero.

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