segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Abraço


Nunca fui de muitos abraços. Talvez por ser filha única e não ter tido irmãos para abraçar, nem que esses abraços fossem "brigando". Ou talvez por causa dos genes holandeses: distantes, frios e calculistas - haha. Ou uma explicação mais lógica, por causa da educação rígida ou séria dos meus pais, em que abraçar significa demonstrar amor - e com isso, tornar-se frágil diante do outro (um beijo, Freud!). 
Mas a verdade é que acho que nunca fui de muitos abraços porque não gosto de invadir o espaço de ninguém. Sempre tive cuidado com isso. Abraço é uma coisa íntima, é muito contato, muito corpo, muita entrega. É inclusive uma invasão, quando não é recíproco. Até o cheiro de quem você abraça fica em você – imagina se for alguém que você não gosta? – Eca.
Não que eu tenha medo da entrega, só acho que nem todo mundo merece ou quer, de fato, um abraço. Já vi abraços falsos e já os senti para comigo, deixam uma energia ruim, um peso no corpo – deu até vontade de tomar um banho. Esses não valem a pena apenas para ser popular. 
Deixem os abraços para quem realmente importa, para quem você realmente ama, para quem é íntimo seu. Para quem realmente os deseja, quando vindos de você. Deixem os abraços para quem se entrega de verdade, sem falsidade, sem disse-me-disse, sem reservas – para quem vive este momento junto com você. Deixem os abraços para as pessoas especiais na sua vida. Para todas as outras, mantenha a educação. Um aperto de mão e só. É suficiente.
Abraço pouco, muito pouco, menos até do que gostaria, mas abraço intensamente, honestamente, completamente. Abraço a alma e deixo a minha livre, durante a entrega de um abraço verdadeiro.



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