quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O amor


Amor. Palavra difícil de definir. Amor pode ser de pai, mãe, filho, amigo, irmão, amante. Amor pode ser de vários tipos, formas e intensidades. Mas não vim aqui descrever sobre as várias formas do amor. E sim falar sobre o amor per se.
Amor, pra mim, é você enxergar o outro como ele é, sem falsas criações imaginárias e sem reportá-lo às idéias infantis de contos de fadas. Amor é você entender as limitações do outro e ainda assim respeitá-lo. Amor não é negar defeitos, é compreendê-los. Amor não é idolatrar, é admirar. Amor é aquilo que você sente de bom, mesmo depois de uma discussão e vontade de dizer umas verdades - se é que não as disse. Amor é construído e também, destruído. Só depende de nossas atitudes.
Eu acredito que podemos influenciar no amor com nossas atitudes. Não creio que seja um sentimento incondicional. Pisa que eu gamo.
E por causa disso, acredito que o amor está intimamente ligado ao respeito. Só há amor, se houver respeito. Embora o contrário não seja necessariamente verdadeiro.
Eu percebo que numa relação de vários anos, o respeito tem mais peso do que declarações românticas de amor ou aquele friozinho na barriga do início. Você tem que respeitar o outro como pessoa única que é. Só sob essa condição, você poderá amá-lo.
Respeitar é ter humildade de reconhecer seus erros, é saber até onde você pode ir, até onde vai seu espaço na vida do outro. Respeitar é você calar pra não magoar, embora nem sempre seja possível. 
Para haver amor, é necessário ceder. Acho que por isso hoje em dia seja tão ‘difícil’ amar... As pessoas não cedem mais, não abdicam mais, sequer respeitam mais. É um processo egoísta no qual você não pode se mostrar pro outro, nem aceitar contestações do parceiro, para não ficar vulnerável.
Pelo amor de Deus! Vulnerável a que? Nós não estamos falando de uma epidemia nem estamos frente a um campo inimigo de batalha! Nós estamos falando de construção. De construir algo com alguém que você escolheu para dividir suas manias, suas dores, seus sucessos, seus fracassos, seus desejos, seus sonhos, sua vida.
Deixo claro, pros mais ‘contemporâneos’, que abdicar aqui não tem nada a ver com submissão. Não é pra se submeter unicamente à vontade do seu parceiro(a), por medo de perdê-lo(a), mas falo sim de algumas vezes abdicar de um desejo do seu ‘eu’ em prol de um bem estar do ‘nós’. 
Para se amar alguém, é necessário também se amar e se respeitar primeiro. Se amar, se valorizar como pessoa, como profissional, como ser pensante, como ser emocional (ou qualquer outro ponto de vista cabível) é necessário para que você possa reconhecer essas características no outro. É necessário também conhecer seus limites e seus desejos para só então você poder ver o que pode ser melhorado em você. Não melhorar pro outro, e sim pra si. Você se constrói primeiro. E é dependente dessa construção particular, que você pode escolher pessoas para construir algo com você. E não pra você nem por você. A escolha da preposição é fundamental.
O diálogo é também de extrema importância e deve caminhar lado a lado ao amor. 
É difícil? Putz, é. Principalmente nos dias de hoje onde todos querem se fazer ouvir, mas não querem ouvir o outro. Egoísmo e medo. Gritos. Medo porque nem tudo o que ouvimos nos agrada. Mas acho que se essas ‘críticas’ forem permeadas de respeito, a relação só tende a ganhar e amadurecer.
Voltando à questão do respeito, eu o citei como exemplo, porque vejo que você pode respeitar alguém que você não tenha amizade, nem confiança, nem paciência. Você pode até mesmo respeitar alguém que você não goste! Daí a importância desse valor numa relação a dois onde há amor.
Amar às vezes dói porque amadurecer também dói. Você enxergar seu parceiro como ele realmente é leva tempo e às vezes decepciona. Mas também é gratificante, porque você passa a ver sem máscaras, viver sem lacunas e com muito mais entrega.
Você, a partir do momento que vive um amor verdadeiro, respeitoso, sincero, passa a perceber o outro não como um ser intocável, mas como alguém comum, porém especial. E isso desmistifica o amor, e o torna cada vez mais sólido e seguro. 
Creio que amor seja um pouco disso tudo o que eu falei, e é nesse amor que eu acredito. 
Eu sei que é muito difícil acertar sempre numa relação. Isso leva tempo. E determinação. Mas se você está aberto ao outro, sabe o que quer construir juntos, e tem diálogo, respeito e amor pelo seu parceiro, já é um bom começo para que sua ‘construção’ seja sólida e não desmorone na primeira tempestade.

Daniele Van-Lume Simões  16/11/16


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