terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Férias


Férias. Palavrinha maravilhosa, só não é melhor do que saúde. Trabalhamos todos os dias esperando por ela. Saímos cedo de casa, no frio, na chuva, do escuro. Chegamos tarde do trabalho, às vezes levamos trabalho para casa, só para conseguirmos desfrutá-la com tudo em dia, sem pendências.
Quando ela vai se aproximando, vai batendo um cansaço acumulado. Parece que um peso de 20 kg pairou sobre as costas. Começamos a correr com tudo, para deixar a casa e o trabalho em ordem. Dizem que até ficamos mais propensos a gripes e resfriados antes das férias, tamanho é o esgotamento físico e mental. Mas eu digo, há um esgotamento emocional também.
Precisamos das férias para respirar um pouco, para nos permitir acordar com o relógio biológico e não com a programação do despertador. Precisamos das férias para equilibrar os pensamentos e também as emoções. Aproximarmo-nos da família, do cônjuge, dos filhos, dos amigos.
Precisamos das férias para curtir aquele vinho, aquela viagem ou aquela série, sem peso na consciência por dormir tarde ou beber demais ou voltar para casa só na terça de manhã. Ou tudo isso junto.
Precisamos das férias porque somos humanos e eles inventaram o trabalho e junto, sua válvula de escape - senão o mundo estaria muito mais louco do que está.
Precisamos das férias para sentir como a vida é maravilhosa, como o pôr do sol é belo, como o céu está lindo - pena que precisamos delas para saber disso.
Precisamos das férias para entender que o trabalho pode ter intervalos, inclusive para que as inspirações venham. Quem trabalha direto, sem intervalos, faz tudo no automático e esgota-se. A criatividade acaba. A fonte seca.
Férias são necessárias pelo menos uma vez por ano, mas se quer ter uma vida mais leve, permita-se férias curtas durante o ano. Pode ser num feriado, num final de semana, até férias de um dia - a chamada folga. Tire um sábado para fazer algo que você gosta, sem que seja resolver coisas. Sem que seja fazer feira, pagar contas ou colocar gasolina no carro. Nada de obrigações.
Vá ao parque, tome um sorvete ou uma cerveja, caminhe, vá almoçar num lugar diferente, experimente um vinho novo, assista a um filme. Cochile, acorde às 2h da manhã e leia um livro no mais absoluto silêncio. Dessa forma, você não entra na história, a história que entra em você. Escute o silêncio, tome um banho morno e cheiroso, um café reforçado na cama ao lado de quem ama, sem pressa. Relembre histórias velhas, dê risada, invente uma receita. Descanse sem culpa.
Podemos ter pequenos momentos de férias durante o ano, que tornarão a jornada mais leve, basta que queiramos.
E lembre-se: a vida é curta para que fiquemos sempre esperando as próximas férias para aproveitá-la.

Daniele Van-Lume Simões   31 de janeiro de 2017


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